
Matérias-primas inflacionam os preços dos automóveis
O aumento nos preços dos combustíveis fósseis, a escassez dos chips e a escalada nos valores de metais preciosos e industriais, já faz soar alarmes na indústria automóvel. Alguns especialistas prevêem que os preços finais venham a aumentar.
Ainda a enfrentar a crise dos chips, a indústria automóvel prevê novas preocupações a caminho. A escalada nos preços de diversas matérias-primas, em particular dos metais, quer os preciosos quer os industriais, pressiona as margens dos construtores automóveis e dos fabricantes de componentes para o setor.
A inflação das matérias-primas
Em 2021 sucederam-se máximos de vários anos em matérias-primas como o aço, o alumínio, o paládio, o ródio, a prata ou a platina.
Em maio, um relatório do Bank of America apontava que, entre abril de 2020 e maio deste ano, os preços das matérias-primas usadas no fabrico de veículos nos EUA tinham disparado cerca de 87%. Se antes o custo de matérias-primas por automóvel rondava os 2.200 dólares, agora o valor aproxima-se dos 4.125 dólares.
Estes valores devem-se sobretudo ao aço e ao alumínio (39% e 11% dos materiais usados no fabrico dos veículos, respetivamente). No caso do custo do aço, o preço mais do que duplicado ao longo do último ano.
Este cenário coloca um dilema aos construtores automóveis: ou sobem os preços para os consumidores ou veem as margens de lucro baixar.
Durante o Salão Automóvel de Munique, o diretor executivo FordEurope, alertou que não são apenas os semicondutores que escasseiam. O lítio, os plásticos e o aço estão também mais escassos ou com algum constrangimento. Segundo ele, isto deve-se, em boa parte, à transição acelerada para os veículos elétricos ou híbridos plug-in.
Ojackpot para as transportadoras
Como se estes fatores já não fossem suficientes para sufocar a indústria automóvel, também as empresas de transporte marítimo de contentores têm vindo a aumentar os preços dos fretes. Isto, devido às perturbações nas cadeias de fornecimento resultantes da pandemia.
Apesar da reabertura das economias e do forte aumento da procura de bens e de matérias-primas, os surtos de covid-19 continuam a condicionar o funcionamento de vários portos e a atrasar os navios. Mas a empresas de shipping continuam a acumular jackpots, claro.