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2 países ibéricos unem-se na produção de baterias de lítio

3 min de leituraInovação
Portugal irá integrar um projeto transfronteiriço de exploração de lítio com Espanha. Esta é uma medida estratégica que pretende maximizar a utilidade dos recursos existentes junto à fronteira, aliciando o investimento estrangeiro.
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A exploração de lítio em Portugal

No Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já em consulta pública, o Governo prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

No documento consta a intenção de Portugal em responder às estratégias europeias para as matérias-primas e para as baterias. “Portugal pretende desenvolver com Espanha uma fileira industrial e de inovação de processos e produtos, completa, que permita o bom aproveitamento […] do lítio existente nos dois países, desenvolvendo um projeto transfronteiriço para a construção e reciclagem de baterias elétricas para automóveis”, lê-se no PRR.

Quanto à cooperação com outros países, o executivo português afirma que “não só as principais jazidas de lítio se encontram próximas da fronteira, como Portugal possui a capacidade de atrair a tecnologia e empresas interessadas na sua refinação”. Por essa razão, o Instituto Ibérico de Nanotecnologia, pertencente aos dois países, “está a desenvolver projetos de criação de células de última geração que poderão em breve entrar em fase de testes”, explica ainda.

Segundo o Governo, este plano tem como objetivo que os negócios ligados à construção e reciclagem de baterias se instalem nas regiões de fronteira entre Portugal e Espanha, beneficiando ainda da forte presença da indústria automóvel nos dois países.

As reservas mundiais de lítio

lítio exploração

Portugal é um dos países, a nível global, com maior reserva de lítio. Ocupando o sexto lugar na lista de reservas mundiais, estima-se que no território português existam cerca de 60 mil toneladas de lítio.

A maior reserva mineral está situada na Bolívia, no salar de Uyuni- o maior deserto de sal do mundo- que abriga quase metade das reservas deste mineral. Logo a seguir, destacam-se os países como o Chile (8 milhões de toneladas), a Austrália (2,7 milhões) e a Argentina (2 milhões).

Bolívia, o Chile e a Argentina completavam um triângulo sul-americano do lítio que possui cerca de 75% das reservas mundiais. Num passado recente, tempo foi também descoberto no México uma grande jazida que, segundo informações do Governo mexicano, conta com mais de 120 milhões de toneladas de lítio.

A procura de mercado

Com o aumento da oferta a procura também tende a disparar. Desde as baterias recarregáveis para smartphones às dos automóveis elétricos, passando pelas câmaras fotográficas, os computadores portáteis, as aplicações de armazenamento em rede e tantos outros aparelhos eletrónicos.

Segundo Michael Schmidt, especialista da Agência Alemã de Recursos Naturais, estima que a procura global de lítio alcançará as 111 mil toneladas até 2025, em comparação com as 33 mil toneladas de 2015. Entre os clientes, estarão as grandes empresas - japonesas, norte-americanas, chinesas e alemãs - líderes em produção de baterias recarregáveis.

A resistência local

Em Setembro de 2020, a Comissão Europeia defendeu a exploração de lítio no norte de Portugal, no âmbito da estratégia da União Europeia para reduzir a dependência externa de matérias-primas essenciais. Mas os planos de exploração têm recebido forte oposição por parte das populações locais e grupos ambientalistas.

No total, a exploração mineira conta com 8 oponentes declarados, dos quais 4 associações (Associação Guardiões da Serra da Estrela, Associação Montalegre com Vida, Associação Povo e Natureza do Barroso e Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso) e 4 movimentos (Movimento em Defesa da Serra da Peneda e do Soajo, Movimento Não às Minas - Montalegre, Movimento SOS Terras do Cávado e Movimento SOS Serra d'Arga).

“O movimento SOS Serra d' Arga congratula-se vivamente com o exercício de solidariedade de todos os autarcas alto-Minhotos, que desembainham armas em defesa de um território que é a alma de todos", declara o Movimento SOS Serra d’Arga à Lusa.

Também as freguesias de Ponte de Lima dizem ser sucessivamente fustigadas pelos impactos de outras indústrias extrativas e esta posição visa impedir que mais um atentado ao território seja perpetrado.

As autarquias alertam ainda que o desenvolvimento não se promove à margem da população, devendo o interesse nacional não pôr em causa a reabilitação do território e os investimentos que têm sido feitos pelas freguesias na promoção do seu património.

Publicado a 21 de março de 2021
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21 de março de 2021
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