
Estradas inundadas: Conduzir em situações extremas
O inverno ainda agora começou e Portugal já teve de enfrentar chuvas intensas e até inundações graves. Fique a perceber como conduzir com estradas subitamente alagadas e qual o impacto da água na mecânica do seu automóvel.
O inverno que estamos a viver tem sido particularmente agreste. Como todos nos lembramos, as chuvas intensas de dezembro inundaram vastas áreas da grande Lisboa. Como é óbvio estas cheias tiveram um enorme impacto na mobilidade, na segurança rodoviária e nos próprios automóveis.
Impacto nos automóveis
A precipitação constante pode levar à subida repentina das águas – situação que afeta pessoas e bens –, com os automóveis a estarem muito expostos a esse fenómeno nos estacionamentos de rua ou nas garagens subterrâneas. A infiltração da água tem um poder destrutivo para a mecânica, além de causar danos no interior do habitáculo. Os problemas causados pela água no motor podem ser graves e o mesmo se pode dizer da humidade nos principais componentes mecânicos, assim como na parte elétrica, cablagens e eletrónica. Se o nível da 'enchente' não ultrapassar 30 centímetros, o motor do automóvel não deverá correr perigo e é possível retirar o carro do local da inundação. Se a quantidade de água for maior, então, a situação poderá ser mais crítica. A lama e outras impurezas, arrastadas pela corrente da água, também podem afetar o sistema de iluminação e a grelha de refrigeração.
Guiar em estradas inundadas
Nem era preciso, mas como se percebeu pelas notícias que vimos e ouvimos nas rádios e televisões, as estradas inundadas ou a passagem por lençóis de água são um perigo para os condutores. E aqui não há grandes teorias. Quando a estrada desaparece sob um manto de água, o mais sensato é não avançar. Muitas vezes, há condutores que decidem avançar, o que é um erro absoluto. Na maioria dos casos, essa audácia é fatal, acabando o carro imobilizado dentro de água e o condutor com dificuldades em abandonar o local.
Em situações extremas
Pode dar-se o caso de estar perante uma emergência e ter mesmo de decidir se prossegue a marcha ou não. Ora, se decidir avançar por uma estrada inundada é preciso ter em conta a altura a que está o filtro do ar do automóvel – 40 a 60 centímetros acima da estrada, na maior parte dos casos –, assim como a posição da entrada/admissão de ar, evitando-se que a água possa chegar ao motor, entupindo êmbolos e provocando o batimento de bielas e cambota. Se o nível da água não ultrapassar 30 centímetros – nas condições mais 'normais' –, o motor não deverá correr perigo e é possível retirar o carro do local da inundação.
Tudo depende do carro que conduz
É claro que não podemos generalizar. Uma coisa é estar ao volante de um modelo citadino, outra é guiar um SUV ou um todo-o-terreno. A zona inferior das portas de um familiar médio é mais elevada do que a parte superior dos passeios, por exemplo. Se estes não estiverem submersos, então, é pouco provável que a água possa entrar no interior do automóvel. Mas se estiver num local desconhecido, não saberá onde se encontram os limites da estrada, sendo por isso desaconselhável subir uma berma. Se a água entrar no escape também poderá danificar o conversor catalítico. Numa estrada submersa é aconselhável manter um ritmo lento e constante, sem exagerar nas travagens, acelerando de forma suave e minimizando a turbulência ou o efeito 'onda'.
A importância dos seguros
Os seguros contra catástrofes naturais, como é o caso de cheias ou inundações, são opcionais na maioria das apólices, exigindo um 'prémio' adicional. O seguro de responsabilidade civil é o único de contratação obrigatória, tendo uma apólice uniforme definida por lei – além dos danos causados a terceiros, inclui os danos corporais dos passageiros. O prémio pode variar de acordo com o tipo de automóvel, cilindrada, capital seguro, histórico de sinistralidade, idade do condutor e anos de carta de condução. É possível contratar um seguro de danos próprios – indicado para automóveis novos ou de valor elevado –, que abrange situações de colisão, capotamento, incêndio, explosão ou roubo. No caso de tempestades, inundações, terramotos ou deslizamento de terras é necessário assegurar uma cobertura especial o que envolve um custo adicional.
Como se percebe, “prudência” é a palavra que se impõe quando se trata de conduzir com chuva e em estradas alagadas. Assim, antes de fazer a sua viagem, verifique a previsão meteorológica e os alertas da Protecção Civil. Caso esta anuncie mau tempo, só se faça à estrada se for absolutamente indispensável. E é claro, perante uma estrada severamente alagada, não arrisque em prosseguir. Pare, procure um caminho alternativo ou peça ajuda aos serviços de emergência.