As alterações fiscais “estão a desincentivar a procura com base na incerteza”

4 min de leituraGestão de Frotas
António Oliveira Martins, Diretor Geral da LeasePlan, e Ricardo Silva, Diretor Comercial da LeasePlan, estiveram à conversa com Camilo Lourenço, jornalista económico e docente universitário, no seu programa “Conversa Improvável” .
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Esta conversa centrou-se nas alterações fiscais 2021 no setor automóvel, nomeadamente no que diz respeito aos automóveis híbridos e híbridos plug-in. Com a ajuda de Camilo Lourenço, foi possível esclarecer a razão pela qual mudamos tão frequentemente de fiscalidade no setor automóvel e de que forma isso tem repercussões nos mercados, assim como na vida financeira dos proprietários de veículos. Exploramos ao detalhe a forma como o agravamento dos impostos está a afetar a opção por estes veículos em particular.

Incorreta utilização dos veículos na origem das alterações fiscais

Para António Oliveira Martins, apesar de deixarem utilizadores, empresas e todos os stakeholders deste setor insatisfeitos, estas alterações fiscais não foram surpresa.

Já no final de 2020, num evento organizado pela LeasePlan ao qual contou com a participação de Camilo Lourenço, foram apresentadas algumas dúvidas daquilo que estava a ser feito no mercado dos automóveis híbridos.

Uma dessas questões estava relacionada com a própria utilização destes veículos e dos benefícios fiscais, que sofreram agora alterações. Isto porque muitos condutores estavam a ter acesso a vantagens (desde as amortizações ou até mesmo sob o ponto de vista da tributação autónoma, etc.) ao adquirirem veículos híbridos, mas acabavam por não utilizar a parte elétrica dos mesmos. Ou seja, muitos condutores estavam a ter todos estes benefícios sem que o verdadeiro objetivo do veículo fosse utilizado. E esta incorreta utilização é apresentada como um dos principais motores para as alterações fiscais do OE2021.

Para Ricardo Silva, Diretor Comercial da LeasePlan, a fonte destas alterações é ainda mais profunda. O principal fator apontado pelo estudo feito pela T&E, que deu origem à proposta apresentada pelo PAN, afirma que os Governos devem alterar estes benefícios fiscais devido a esta menor e incorreta utilização do modo elétrico dos carros híbridos.

Mas qual poderá ser a verdadeira causa?

Há um pormenor muito importante que Ricardo Silva refere durante esta conversa, e que pode estar na origem desta utilização: a infraestrutura atual de carregamentos elétricos; que “é uma luta de há muito tempo”.

Apesar de ter tido alguns desenvolvimentos nos últimos tempos, a grande maioria dos portugueses ainda não consegue carregar carros elétricos ou híbridos em casa. Na verdade, a não utilização do modo elétrico resulta em custos de uso muito mais elevados para os condutores. Como Ricardo Silva refere, “têm de se reunir as condições necessárias”, só assim haverá uma utilização correta dos veículos.

Também para Camilo Lourenço e António Oliveira Martins, antes de o Estado ter legislado sobre esta matéria e até mesmo destes incentivos à aquisição massiva destes automóveis, deveria ter sido considerada a atual rede de carregamentos elétricos em Portugal. Não havendo uma infraestrutura que permita aos condutores carregarem o seu veículo, o resultado é uma utilização incorreta do veículo que tem impactos sob o ponto de vista económico e ambiental.

O peso das alterações fiscais para os condutores

Camilo Lourenço reforça o peso destas alterações para o orçamento dos condutores portugueses. O jornalista e economista recebeu, inclusive, vários lamentos de condutores que tinham encomendado carros em 2020, mas devido a atrasos na produção, só os iriam receber em 2021. Isto significa que “as contas” que os condutores, e até mesmo empresas, tinham feito para um certo automóvel, com estas alterações fiscais, mudam completamente.

Camilo Lourenço dá ainda o exemplo de um carro que em 2020 custava 49.900€, e que com a alteração da fiscalidade, vai ultrapassar os 64.000€.

Sob o ponto de vista da LeasePlan, e das empresas em geral, o primeiro passo a dar é informar os clientes, especialmente aqueles que ainda não tomaram uma decisão e ainda vão a tempo de recuar. Os que já avançaram com a aquisição do veículo, infelizmente, já não têm grandes alternativas. Segundo Ricardo Silva, o grande problema aqui é a incerteza; “estamos a desincentivar a procura com base na incerteza”.

O desafio da redução das emissões

“O setor dos transportes representa 25% das emissões de CO2. Mas apenas metade deste valor (12,5%) é referente aos veículos ligeiros de passageiros. Tendo em conta que a idade média do parque ronda os 10/12 anos, as vendas de novos veículos representam menos de 10% destes 12,5%”, refere António Oliveira Martins.

O Diretor Geral da LeasePlan acrescenta ainda que o foco não deveria estar totalmente na venda de novos veículos, uma vez que há questões muito mais graves em termos ambientais, como por exemplo, os carros com mais de 20 anos, por exemplo. “Acelerar rapidamente o abate de carros poluentes, por exemplo, é que é uma política fiscal e amiga do ambiente”.

De acordo com António Oliveira Martins, nesta decisão está a ser negligenciado um fator muito relevante: “os híbridos plug-in têm um papel muito importante na eletrificação”. Estes veículos proporcionam uma primeira experiência com os carregamentos elétricos, educam o consumidor na utilização de um veículo elétrico, ajudam a entender a questão da autonomia e dos custos de utilização. Ou seja, os híbridos preparam o mercado para a transição elétrica.

“A LeasePlan está a fazer uma reorientação”

De forma a acompanhar as alterações constantes que se fazem sentir no setor, a LeasePlan reorienta-se para ajudar, tanto particulares como empresas, a encontrarem as soluções de mobilidade mais ajustadas às suas necessidades e, ainda, contribuir para a sustentabilidade da indústria.

Neste sentido, a LeasePlan tem como objetivo atingir zero emissões na sua frota total em 2030. Daquela que era uma aposta maciça de veículos a gasolina ou a gasóleo, está-se a transitar para um novo modelo: a eletrificação.

Os principais elementos da estratégia incluem a sensibilização dos clientes sobre what’s next em veículos de baixas emissões; facilitando a adoção de veículos de baixas emissões com propostas atrativas para os clientes desenvolvidas pelo LeasePlan Electric Vehicle Experience Center.

Publicado a 24 de fevereiro de 2021
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24 de fevereiro de 2021
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