
9 mitos que importa esclarecer…
Os veículos elétricos (VE) são um tema quente para quem se interessa por automóveis e mobilidade. Como em qualquer sector, muito marcado pela inovação, tendem a gerar-se alguns mitos que importa esclarecer. Por uma opinião mais informada, venha daí…
Quem gosta de automóveis e se interessa por mobilidade de certeza que já participou em acaloradas conversas sobre veículos elétricos (VE). Seja em almoços ou jantares, com amigos ou colegas de trabalho, é um tema apaixonante que se transforma rapidamente num ‘prato cheio’. Mas é também uma ocasião onde ouvimos falar de muitos mitos associados aos VE e à mobilidade elétrica. Neste artigo convidamo-lo olhar connosco para algumas dessas “verdades” e “ideias feitas”. É que alguns desses mitos são mesmo falsos, enquanto outros “não são bem assim…
1. "Um carro 100% elétrico emite tanto CO2 como um carro a gasóleo ou a gasolina"
Falso: Os VE, com a intensidade de carbono mais elevada da Europa, emitem menos gases de efeito de estufa do que um veículo a gasóleo padrão. Em 2021, a BloombergNEF investigou as emissões do ciclo de vida dos VE, analisando as emissões de CO2 produzidas no fabrico dos veículos e das baterias, assim como as emissões do transporte para venda e do carregamento com eletricidade com alta intensidade de carbono. A BloombergNEF concluiu que as emissões do ciclo de vida de um VE de gama média eram entre 18 e 87% menores - nos cinco países analisados.
2. "A bateria de um veículo elétrico desgasta-se rapidamente"
Falso: O motor elétrico e a bateria são resistentes ao desgaste e quase não precisam de manutenção. Já os veículos com motor de combustão interna desgastam-se após os 200 000 a 300 000 quilómetros. É possível conduzir um VE por mais de 200 000 quilómetros sem perder muita eficiência da bateria. A tecnologia de carregamento inteligente garante grande longevidade à vida útil da bateria. Com o carregamento rápido, por exemplo, a bateria pode ser carregada até 80% em pouco tempo. A partir daí, a velocidade de carregamento diminuirá de modo a manter a vida útil da bateria.
3. "Não existem pontos de carregamento suficientes"
Não é bem assim: Em 2021, existiam aproximadamente 375 000 carregadores públicos na Europa – quase três vezes mais num período de 5 anos. Apesar de estes pontos estarem concentrados em alguns países europeus e em áreas mais densamente povoadas, o número continua a crescer todos os anos - em muitas zonas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, a oferta de postos de carregamento já excede a procura. Todos os meses vemos novas estações de carregamento a ser instaladas em zonas públicos, locais de trabalho e em habitações. Como consequência da proibição de venda de novos veículos com motor de combustão interna, que entrará em vigor em 2035, os governos europeus irão melhorar as infraestruturas de carregamento. A maioria dos carregamentos é realizada em casa e no local de trabalho. Cerca de 90% das sessões de carregamento dos veículos de leasing são realizadas nos mesmos locais. Apenas uma pequena percentagem utiliza os carregadores públicos.
4. "Não posso ir de férias com um carro elétrico"
Não é bem assim: Um VE novo tem, por norma, uma autonomia de 350-450 quilómetros. Alguns atingem já mais de 600 quilómetros. Assim, para as viagens do quotidiano, entre a casa e o trabalho, a autonomia é suficiente. As viagens mais longas requerem um planeamento adicional, de modo a calcular quando e onde será necessário carregar. É recomendado parar 15 minutos a cada 2 horas de uma viagem longa para descansar e evitar a fadiga. Esta paragem pode ser uma ótima oportunidade para carregar o carro enquanto descansa. A geração mais recente de VE suporta o carregamento rápido, com a paragem num carregador rápido a demorar apenas 15-25 minutos.
5. "O carregamento de um veículo elétrico demora muito tempo"
Falso: A maior parte dos carregamentos, cerca de 90%, é realizada no trabalho ou em casa enquanto o carro não está a ser utilizado. Dependendo do carro, um carregamento completo numa estação de carregamento padrão - em casa ou na estrada - demora entre 4 a 8 horas. Se precisar que o carregamento seja mais rápido, os pontos de carregamento rápido são uma boa opção. Se utilizar um carregador rápido, apenas precisará de carregar durante 15-25 minutos.
6. "Os carros elétricos não fazem barulho"
Não é bem assim: Os VE não têm um motor de combustão, pelo que podem ser mais silenciosos do que os veículos a que está habituado. Muitos condutores consideram a condução silenciosa mais serena, enquanto outros se preocupam com o perigo que pode resultar de peões, ciclistas ou outros utentes da estrada não ouvirem o veículo. Os fabricantes pensaram nisto e muitos carros elétricos contam com uma opção de ruído artificial. Quando o carro vai a menos de 19 km/h ou está em marcha-atrás, este ruído artificial é acionado de modo a avisar os peões e outros condutores da aproximação do veículo. Todos os novos VE da Europa contam com esta funcionalidade desde julho de 2019. Aconselhamos que a utilize, pois ajuda a reduzir os acidentes. E o ruído que o carro emite não é um som estranho, é apenas uma imitação dos veículos com motor de combustão interna.
7. "Os carros elétricos não têm potência suficiente e não permitem grande velocidade"
Falso: Os VE podem atingir as mesmas velocidades máximas que os carros com motor de combustão interna. Os VE têm uma aceleração muito rápida, ainda mais rápida do que a maioria dos carros com motor a combustível. Basta carregar no pedal e o motor elétrico fornece a potência máxima de imediato, permitindo acelerar rapidamente. Os carros com motor de combustão interna precisam de atingir altas rotações por minuto (rpm) antes de utilizarem a potência máxima, o que num VE é quase instantâneo. Tenha em consideração que, tal como os motores a combustível, a condução a velocidades mais elevadas consome mais energia, o que aumenta a frequência de carregamento.
8. "Os carros a hidrogénio têm um melhor futuro do que os carros elétricos"
Não é bem assim: De momento, o processo de produção do hidrogénio como combustível é menos eficiente do que o dos VE. As vendas de veículos com zero emissões são quase integralmente de veículos elétricos a bateria. No entanto, alguns fabricantes de equipamento original estão também a investir em carros elétricos a bateria e a hidrogénio, sendo que ambos serão produzidos no futuro. A Mercedes-Benz já deu o primeiro passo nesta direção com o GLC F-Cell.
9. "Os carros elétricos são demasiado caros"
Não é bem assim: Em muitos países europeus, os VE custam o mesmo, ou até menos, que os equivalentes com motor de combustão interna. Isto considerando o custo total de propriedade, que inclui: energia/combustível, desvalorização, manutenção e impostos. Os VE tenderão a ficar cada vez mais acessíveis à medida que forem lançados mais modelos em todos os segmentos.
A próxima vez que estiver envolvido numa conversa sobre VE já terá uma opinião mais informada. Neste momento, como acontece com qualquer nova tecnologia, é expectável que existam ideias erradas sobre a forma como esta funciona. Mas à medida que mais pessoas forem fazendo a transição para VE, os mitos tenderão a dissipar-se.