A Drive Now é algo de muito inovador e pioneiro...

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João Pais de Oliveira é o responsável pela Drive Now, solução de car sharing dos grupos BMW e Daimler. Em Portugal, como franchising, está atribuída à Brisa e conta também com a LeasePlan como parceira. Nesta entrevista explicou-nos o essencial sobre este serviço, para já disponível em Lisboa e que já atraiu mais de 40 mil clientes.
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A Drive Now, enquanto serviço de car sharing, é um exemplo de como a inovação tecnológica e a transformação digital chegaram ao setor da mobilidade. Aliás, foi esse caráter inovador e o impacte que poderá vir a ter na vida das nossas cidades que seduziu João Pais de Oliveira a liderar esta ideia. Tudo começou em 2016, e a nossa conversa começou exatamente por aí.

Antes de mais, como surgiu a ideia de desenvolver este tipo de serviço em Portugal?

João Pais de Oliveira. Este projeto teve início em 2016 e, em jeito de enquadramento, posso dizer que surgiu na sequência da crise de 2009 e 2011. Nessa altura, a Brisa quis apostar nas novas formas de mobilidade e, depois de estudar alguns parceiros, chegou a acordo com a Drive Now. Nesse momento, a Drive Now era uma empresa partilhada entre o Grupo BMW e a Sixt – entretanto, a Drive Now passou a ser propriedade dos grupos BMW e Daimler. O acordo final e a consequente assinatura de contrato vieram a acontecer já em 2017.

Portanto, em 2010 já havia uma clara noção de que a mobilidade urbana ia necessitar de novas soluções...

JPO. Sem dúvida. O progressivo congestionamento de tráfego nos grandes centros urbanos, assim como as restrições impostas devido a questões ambientais são apenas dois exemplos de que se estava a abrir espaço para novas soluções. Entre outras vantagens, o car sharing, enquanto modelo de partilha de viagens, já se mostrava capaz de contribuir para um menor congestionamento do tráfego. Aliás, já estava a ser implementado em diversas cidades da Europa e com sucesso.

... mas a proposta da Drive Now representa uma evolução ao próprio serviço de car sharing...

JPO. Sim. O nosso serviço assenta já no principio de free flow. Ou seja, depois de efetuar a viagem, o utilizador pode estacionar o automóvel em qualquer local – dentro da área de operação do sistema. Não está obrigado, como acontece no modelo mais conservador de car sharing, a deixar o automóvel num local previamente definido. No modelo da Drive Now tem total liberdade para escolher o trajeto e onde pretende estacionar.

Em traços gerais, como funciona o serviço?

JPO. É muito simples. Tudo se processa através de uma aplicação que pode ser descarregada para um smartphone. Aí, o cliente tem apenas de fazer as habituais configurações da sua conta, indicando os dados de pagamento, os destinos predefinidos, etc. De seguida, pode verificar nessa mesma aplicação se há algum veículo disponível perto da sua posição geográfica e aceder ao mesmo através de um código que lhe é enviado pelo sistema. Uma vez feita a viagem, basta deixar o automóvel bem estacionado. Nada mais.

O sistema utiliza uma chave digital para permitir o acesso ao automóvel. Pode explicar-nos melhor no que consiste?

JPO. A chave digital é também algo muito simples. Uma vez feita a reserva, esta fica efetivamente disponível quando o utilizador já se encontrar a 100 metros do automóvel. Nesse momento, via satélite, recebe uma notificação na aplicação para acionar a abertura das portas do automóvel. Dentro do carro, novamente via satélite e na aplicação, o utilizador recebe um código de segurança que lhe permite pôr o automóvel em funcionamento.

Quais são as principais vantagens que os utilizadores encontram na vossa proposta de car sharing?

JPO. As vantagens são diversas. Desde logo, o utilizador paga apenas por cada minuto de utilização e tem tudo incluído: combustível, estacionamento e seguro. Depois, pelo free flow, desde que cumpra o código da estrada, tem total liberdade para estacionar onde lhe for mais conveniente. Por último, os clientes Drive Now têm à sua disposição uma frota moderna e com mais de duzentos automóveis.

Para já, e em Portugal, o serviço está apenas disponível em Lisboa...

JPO. Sim. A frota que referi só está disponível em Lisboa. Temos a normal expetativa de poder vir ampliar a oferta à cidade do Porto, mas antes disso há ainda um longo caminho de consolidação do serviço que temos de percorrer.

O que sente que ainda falta fazer para poderem dar o passo de começar no Porto?

JPO. Essencialmente, penso que temos de crescer em base de dados, o que acaba por ser normal. Temos apenas um ano e seis meses de atividade. Apesar disso, contamos já com cerca de 40 mil clientes inscritos na plataforma, dos quais apenas uma média de 4 a 5 mil é que utilizam o serviço todos os meses. Isso mostra-nos que temos muitos clientes que ainda não incorporaram o car sharing como uma opção para as suas vidas. A curiosidade sobre o serviço é enorme, assim como o grau de satisfação de quem já passou pela experiência, mas temos de elevar os índices de utilização. É um caminho que tem de ser percorrido e sabemos que leva o seu tempo.

Além da expansão geográfica, podemos ter a expetativa de ver o projeto evoluir noutras direções? Novos tipos de automóveis, serviços associados...

JPO. Como foi referido no início desta entrevista, já depois do acordo com a Brisa, deu-se a fusão entre a BMW e a Daimler, cuja visão são os carros autónomos. Isso é público, e os responsáveis de ambas as empresas já o afirmaram. Portanto, a evolução do projeto passará por aí, pela realidade dos carros autónomos. Como sabemos, há muitos desafios a ter em conta quando falamos de carros autónomos e que vão para além do funcionamento desses veículos. Refiro-me às questões associadas à infraestrutura das cidades, dos seguros e dos aspetos legais, entre muitos outros. Paralelamente, é expetável que o serviço Drive Now – que vai passar a chamar-se Share Now – possa vir a integrar também automóveis do grupo Daimler, assim como uma nova aplicação.

Como sabemos, a transformação digital é um aspeto central para a LeasePlan. Como vê o envolvimento da empresa neste projeto de car sharing?

JPO. Vejo com naturalidade, pois sabemos que a LeasePlan está atenta ao futuro e quer ser parte ativa nas novas formas de mobilidade. Por outro lado, sabemos também que o Grupo José de Mello, detentor de 52,8% do capital da Brisa, há muito que tem uma relação privilegiada com a LeasePlan.

A terminar esta conversa gostávamos de saber como é que o João Pais de Oliveira, enquanto profissional e responsável pela Drive Now, olha paraeste projeto?

JPO. Trata-se de um projeto muito aliciante, já que é algo muito inovador, pioneiro e que tem a ambição de poder vir a ter um impacte positivo no dia-a-dia das nossas cidades. Hoje, esse impacte é ainda pequeno, mas acredito que dentro de alguns anos será muito forte.

Publicado a 6 de agosto de 2020
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6 de agosto de 2020
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