António Gil Machado: Mobilidade e Imobiliário

De que forma é que a nova mobilidade – feita com a atual interdependência de diversos meios de transporte – está a influenciar as pessoas e as empresas nas suas escolhas de imobiliário?

António Gil Machado. A mobilidade sempre foi um dos fatores essenciais no desenvolvimento das cidades. Não é por acaso que as maiores cidades da Europa se desenvolveram à volta dos portos, fossem de mar ou fluviais. As cidades americanas surgiram à velocidade da ferrovia e já no século XX foram as autoestradas a determinar a expansão das cidades.

A disponibilidade de bons acessos e a proximidade de modos de transporte sempre foi um fator de valorização imobiliária. Em concreto, a expansão de infraestruturas pesadas, como comboio ou metro, é determinante na procura por habitação e determinante na urbanização circundante.

Hoje em dia, o maior desafio é a mobilidade elétrica e a forma como está a condicionar os edifícios, sejam habitações, escritórios ou áreas comerciais. O veículo elétrico e a casa serão cada vez mais complementares, podendo inclusive viver de forma simbiótica, com o veículo a poder funcionar como bateria da habitação!

Com consumidores cada vez mais conscientes, encontrar uma solução de mobilidade sustentável que tenha uma tradução nos espaços em que vivemos é uma realidade que lança novos desafios. Como assegurar uma rede de abastecimento para a mobilidade elétrica que sobreviva a prazo ao boom a que se assiste? Como é que as nossas casas, os nossos condomínios, edifícios de escritórios, espaços comerciais, nos asseguram uma malha de mobilidade elétrica que justifique a adesão em massa a uma mobilidade mais sustentável? A mobilidade sempre foi determinante para a evolução do mercado imobiliário e hoje mais do que nunca!