5G

Mobilidade e Tecnologia: 5G promete mais segurança, mas também tem riscos

4 min de leituraInovação
A tecnologia 5G promete revolucionar a mobilidade nos próximos anos. Uma das vantagens será o seu impacto na condução autónoma e na segurança rodoviária. Mas há riscos a considerar na cibersegurança e na proteção de dados. Fomos espreitar o futuro e contamos-lhe tudo aqui.
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Como o leitor se lembrará, já publicámos neste blog um artigo sobre a relação do 5G com a mobilidade. Mas o tema é vasto e tem muitas implicações, sendo a segurança rodoviária através da condução autónoma umas das mais interessantes. É verdade, as comunicações 5G vão romper a médio prazo com o atual paradigma da mobilidade, devido ao rápido desenvolvimento dos carros autónomos de nível 5, que dispensam a intervenção dos condutores – atualmente já se atingiu o nível 3 de automação. A rapidez, o alcance e a estabilidade 5G permitirá maior segurança e uma melhor gestão de tráfego dos veículos autónomos, mas as previsões apontam para essa realidade apenas na segunda metade da próxima década.

Outras mudanças. A logística - como o abastecimento das cidades - e o transporte de mercadorias vão também sofrer grandes alterações na sua organização com a chegada da quinta geração de comunicações móveis. A fluidez do trânsito das cidades vai ser diferente, pois vai deixar de haver momentos em que se está parado num semáforo vermelho sem que nada o justifique em termos de trânsito. Mais importante do que os resultados na fluidez do trânsito será o impacto na segurança rodoviária. Está prevista uma redução de acidentes com carros conectados e carros autónomos, assim como a redução da sua gravidade. Além dos carros autónomos, os carros conectados - veículos a combustão com condutor, mas com sistemas de ajuda à condução ligados através de 5G - vão também beneficiar desta revolução tecnológica.

Perigos e ameaças 5G. Como em tudo na vida, a vulgarização da tecnologia 5G não tem apenas aspetos positivos. Também envolve alguns desafios. Desde logo, como consta de um relatório publicado em outubro pela Comissão Europeia, onde é feita a avaliação de risco da cibersegurança das Redes 5G, envolvendo os 28 países da União Europa, “as mudanças tecnológicas 5G vão aumentar as possibilidades de ataques e o número de potenciais pontos de entrada dos atacantes na rede”. Mais, a integridade e vulnerabilidade do sistema, dependência técnica dos fornecedores, crime organizado e estados hostis são outras ameaças apontadas no relatório. É referida a possibilidade de os piratas informáticos conseguirem neutralizar a capacidade de atuação dos serviços de emergência de um país, assim como interromperem o fornecimento de energia numa região. Tendo em conta que as redes 5G vão ser a base de uma economia e de uma sociedade cada vez mais digitalizadas, e que milhões de equipamentos e sistemas, incluindo os de setores críticos como a energia, transportes, banca, saúde, sistemas industriais de controlo, com informação sensível, e sistemas de segurança, o risco é muito elevado. Cada vez mais palavras como “phishing” e “ransomware”, entraram no léxico comum dos portugueses. Aliás, o leitor já deverá ter recebido e-mails que tentam roubar as passwords das suas contas (Phishing). Também já ouvimos notícias de pessoas ou organizações que viram os seus ficheiros de computador bloqueados, com um pedido de resgate para os libertar, sob ameaça de serem apagados (Ransomware).

Mas num futuro que envolva carros autónomos isto pode significar, por exemplo, que um pirata informático possa desviar o veículo da sua rota original e obrigar o utilizador a pagar uma quantia para retomar a viagem. Ou a possibilidade de um atacante causar o caos numa cidade, alterando o ritmo dos semáforos. Com a 5G pode haver acesso à informação das viagens realizadas, podendo um pirata tomar controle de várias funções do veículo e, no limite, desligá-lo em andamento. Isto mesmo já foi experimentado num JEEP, que ficou imobilizado numa autoestrada dos EUA. Outra ocorrência amplamente noticiada foi a do roubo de chaves digitais dos modelos da Tesla, permitindo o acesso total ao carro.

Os dados do carro pertencem ao dono e não ao fabricante. Um aspeto central relacionado com a tecnologia 5G são os dados e a sua titularidade. Apesar do reforço de direitos dos proprietários de automóveis através do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), o controlo da informação recolhida pelo automóvel e a livre escolha do prestador de serviços ainda não estão garantidos. A FIA lançou a campanha “My Car, My Data”, onde defende que os dados dos veículos conectados são pessoais, devendo assim os titulares consentir a utilização por terceiros, decidindo quem acede e para que finalidade. O mesmo entendimento foi defendido pelo Tribunal de Justiça da União Europeia. Segundo a FIA, sem legislação clara e específica relativa à portabilidade dos dados, os direitos dos titulares estarão comprometidos, uma vez que os prestadores de serviços que não os fabricantes poderão ver-se confrontados com demoras na disponibilização de dados essenciais à prestação do serviço, impedindo-os de providenciar serviços equivalentes aos do fabricante.

Uma vez mais, como o leitor percebe por este artigo, são muitos os temas em torno da introdução da tecnologia 5G na mobilidade. Sendo um processo dinâmico, complexo e com grande envolvimento de tecnologia é normal que as novidades surjam a todo o momento. Cá estaremos, no seu blog preferido sobre mobilidade, para atualizar essa informação.

Publicado a 28 de fevereiro de 2023
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28 de fevereiro de 2023
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